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Oxi,nova droga pelo país...

Eduardo Marinho | 03:24:00 | 0 comentários


Oxi, uma nova e devastadora droga se espalha pelo país
Ele é mais barato e agressivo do que o crack. E a ciência
 ainda tenta entender seus efeitos no organismo
Natalia Cuminale
Pedras Oxi na Polícia Federal de Rio Branco,
 Acre (Regiclay Alves Saady )
Desde a década de 1980, distante dos grandes
 centros brasileiros, o estado do Acre convive
 com a destruição produzida pelo oxi, uma mistura
 de pasta-base de cocaína, querosene e cal virgem 
mais devastadora do que o temível crack. A droga,
 vendida no formato de pedra, ao valor médio de 2 reais
 a unidade, vem se popularizando na região Norte e, agora, 
espalha sua chaga pelas cidades do Centro-Oeste e Sudeste.
 "Ela já chegou ao Piauí, à Paraíba, ao Maranhão, a Brasília, 
São Paulo e Rio de Janeiro", diz Álvaro Mendes, 
vice-presidente da Associação Brasileira de Redução de Danos.
 Uma amostra da penetração da droga em São Paulo pôde ser
 vista na última quinta-feira, quando a Polícia deteve, na 
capital, um casal que carregava uma pedra de meio quilo de oxi.
Ao menos duas característias da droga ajudam a explicar
 por que ela se espalha pelo país. A primeira é seu potencial 
alucinógeno. Assim como o crack, o oxi pode estimular em 
um usuário o dobro da euforia provocada pela cocaína. 
A segunda razão é seu preço. "O crack não é uma droga cara,
 mas o oxi é ainda mais barato", diz Philip Ribeiro, especialista 
em dependência química do Instituto de Psiquiatria da Universidade 
de São Paulo (USP). "Quando surge uma droga mais poderosa, mais 
barata e fácil de produzir, a tendência é que ela se dissemine", 
diz Ronaldo Laranjeira, psiquiatra da Univesidade Federal de 
São Paulo (Unifesp). "Isso ocorre especialmente porque não 
se criou no Brasil até agora um sistema eficaz de tratamento 
de dependentes."
O lado mais assustador do oxi talvez seja a carência de dados 
sobre seu alcance no território brasileiro. Quem se debruça 
sobre o assunto, avalia que a droga atinge todas as classes 
sociais. "Não há um perfil estabelecido de usuário: ela é 
usado tanto pelos estratos mais pobres quanto pelos mais
 ricos da população", diz Ana Cecília Marques, psiquiatra 
da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Outras 
Drogas (Abead).
Também faltam estudos científicos sobre sua ação sobre
 o ser humano. Por ora, sabe-se que, por causa da composição mais 
"suja", formada por elementos químicos agressivos, ela afeta o 
organismo mais rapidamente. A única pesquisa conhecida sobre 
a droga - conduzida por Álvaro Mendes, da Associação Brasileira 
de Redução de Danos, em parceria com o Ministério da Saúde -
 acompanhou cem pacientes que fumavam oxi. E chegou a uma 
terrível constatação: a droga matou um terço dos usuários no 
prazo de um ano.
Além, é claro, do risco de óbito no longo prazo, seu uso
 contínuo provoca reações intensas. São comuns vômito 
e diarreia, aparecimento de lesões precoces no sistema 
nervoso central e degeneração das funções hepáticas. 
"Solventes na composição da droga podem aumentar
 seu potencial cancerígeno", explica Ivan Mario Braun, 
psiquiatra e autor do livro Drogas: Perguntas e Respostas.
Por último, mas não menos importante, uma particularidade 
do oxi assusta os profissionais de saúde: a "fórmula" da 
droga varia de acordo com "receitas caseiras" de usuários.
 É possível, por exemplo, encontrar a presença de ingredientes
 como cimento, acetona, ácido sulfúrico, amônia e soda cáustica
 - muitos dos itens podem ser facilmente encontrados em lojas
 de material de construção. A variedade amplia os riscos à saúde
 e dificulta o tratamento.

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