O Tijolo de Nabucodonosor
O Tijolo de Nabucodonosor
Achado está no Museu Arqueológico do Unasp
por Rodrigo P. Silva
Achado está no Museu Arqueológico do Unasp
por Rodrigo P. Silva
Participar de uma expedição arqueológica nas
terras bíblicas é uma experiência extraordinária.
As poucas oportunidades que tenho tido de atuar
em escavações no Oriente Médio são para mim
motivo de agradecimento e louvor a Deus,
principalmente por poder testemunhar como a
arqueologia tem confirmado a Bíblia Sagrada.
É claro que os achados jamais podem "provar" que
Deus existe ou que jesus um dia voltará à Terra.
Essas são doutrinas reveladas pelo Espírito Santo
que demandam um exercício de fé. Contudo, a
contribuição da arqueologia pode ser vista assim:
se a história que a Bíblia apresenta é verdadeira
como as escavações têm demonstrado, a teologia
por trás dessa história também o será.
A experiência arqueológica que relatarei a seguir
ocorreu ironicamente bem longe das terras bíblicas.
Jamais poderia supor que, aqui mesmo no Brasil,
seria reencontrado um artefato que confirma a
narrativa das Escrituras: um legítimo tijolo babilônico,
dos tempos de Daniel, que comprova a existência
histórica do famoso rei Nabucodonosor.
História do achado - A forma como esse tijolo
chegou até aqui é simplesmente fantástica e
revela-nos a maravilha da providência divina.
Tudo começou há mais ou menos vinte anos
quando um projetista brasileiro foi enviado
firma de construção civil. Era seu costume caminhar
nas tardes de sábado pelas ruínas de Babilônia que
ficam a céu aberto, não muito longe da capital, Bagdá.
Entre os milhares de cacos de barro e pedras antigas
que ainda jazem no lugar, um pedaço de tijolo lhe chamou
a atenção. Ele continha estranhas letras que certamente
representariam uma antiga inscrição. Um soldado iraquiano,
que se tornara seu amigo, permitiu lhe trazer o tijolo como
uma espécie de suvenir das terras iraquianas.
De volta ao Brasil, o projetista acabou desistindo
de ficar com o objeto e, em 1988, o doou ao Pastor
Paulo Barbosa de Oliveira, que o usaria para fins
didáticos em aulas de Bíblia, nos colégios adventistas
de Vitória, ES. Sempre que ia falar das profecias de
Daniel, ele levava o tijolo e comentava sua procedência.
Mas, nem de longe, poderia imaginar que aquela estranha
inscrição revelaria um fantástico testemunho acerca das
Escrituras.
Jubilado, o Pastor Paulo Barbosa de Oliveira resolveu
mudar-se para as redondezas do UNASP - campus
Engenheiro Coelho - SP, onde nos tornamos conhecidos.
Nessa escola está o único museu de arqueologia bíblica
do Brasil - o Museu Paulo Bork, que recebe visitas de
vários lugares e já foi tema de reportagens em rádio,
TV, jornais e revistas de circulação nacional. Foi
conversando acerca do museu, que o Pastor Paulo
revelou a posse do tijolo que me despertou muita
curiosidade.
Ao vê-lo, percebi que a inscrição composta de três
linhas era, na verdade, um cuneiforme neo-babilônico
usado pelos caldeus, nos dias do profeta Daniel.
Pedi ao pastor para levar o tijolo para casa, onde
poderia estudá-lo melhor e tentar traduzir as antigas
sentenças. Algum tempo depois, o que descobri parecia
bom demais para ser verdade. O tijolo falava de
Nabucodonosor!
Traduzindo a inscrição - Usando léxicos e gramáticas
acadianos, entendi que a inscrição dizia: "(eu sou)
Nabucodonosor, Rei de Babilônia. Provedor (do templo)
de Ezagil e Ezida; filho primogênito de Nabopolassar':
Antes, porém, de publicar o achado, era necessário
confirmar a tradução com pessoas mais especializadas,
como 0 Dr. Oseas Moura, que estudou acadiano na PUC
do Rio de Janeiro, e outros assiriologistas de universidades
européias e americanas que têm seu nome entre os mais
renomados no estudo de inscrições cuneiformes. Todos
confirmaram a tradução, corrigindo apenas um ou outro
detalhe de transliteração dos caracteres originais.
Tínhamos, portanto, um objeto legítimo, dos dias do
Tínhamos, portanto, um objeto legítimo, dos dias do
cativeiro babil8nico, que testemunhava a existência
histórica de um rei descrito nas Escrituras. É claro
que essa não é à única prova arqueológica da existência
de Nabucodonosor. Conforme as escavações vêm revelando,
era costume desse rei colocar uma espécie de "assinatura"
em tudo o que construía. Paredes de palácios, templos e
até muros da antiga Babilônia estão repletos de inscrições
com o seu nome. Esse tijolo, portanto, faz parte de
um importante conjunto de evidências que silencia mais
uma vez os que negam a veracidade da Palavra de Deus.
Nabucodonosor e a Arqueologia - A existência histórica
de Nabucodonosor e da própria Babilônia era um fato
questionado pelos críticos até por volta de 1806, quando
Claudius James Rich confirmou, através de um extenso
relatório científico, que as ruínas encontradas na colina
de Babil eram, na verdade, a antiga cidade de Babilônia.
O problema é que até essa época ninguém sabia nada
sobre a cidade fora do relato bíblico e de historiadores
da antiguidade, cuja precisão era seriamente questionada.
A grande metrópole parecia ter sido engolida pelo deserto.
Pesquisadores europeus que chegavam a Bagdá viam apenas
as colinas empoeiradas de Babil e não podiam supor que ali
estavam os escombros da antiga Babilônia. Pegavam tijolos
com estranhas inscrições e levavam para casa como meras
curiosidades.
Por isso, não faltou quem apregoasse que o livro de
Daniel jamais poderia representar uma história real.
Mas as escavações que se seguiram à exploração de Rich,
começaram a mostrar que os céticos é que estavam errados.
Por esse tempo, desenvolveu-se também na arqueologia
um intenso estudo para descobrir o que estava escrito
naqueles tabletes que se acumulavam aos montes, em
todo o território. A decifracão dos cuneiformes babilônicos
encontrados no Iraque foi, assim, o segundo grande feito
arqueológico do século XIX. Nieburh, Grotefend e Rawlinson
foram os principais pioneiros nessa área e até hoje não
há dúvida sobre a fidelidade da maioria dos textos traduzidos.
Em 1899, Robert Koldewey estava escavando as ruína's em
Babil quando encontrou centenas de tijolos de paredes,
muros e do próprio Templo de Ezagil que traziam o nome
do Rei Nabucodonosor como mandatário daquelas grandes
construções. Nosso tijolo é, certamente, parte desse
grupo de blocos que anunciavam a existência do rei e
uma peculiaridade de seu caráter também revelada em
Daniel 4:30. De maneira arrogante ele diz: "Não é esta
a grande Babilônia que eu edifiquei... para glória da minha
majestade?" Pouco tempo depois, chegalhe a sentença celestial,
condenandoo por sua soberba.
Felizmente, após os sete anos de loucura, ele reconheceu
a soberania de Deus e se tornou testemunha de sua justiça
(Dan. 4:34-37). Como disse Ellen White: "O rei sobre o
trono de Babilônia se tornou uma testemunha para Deus,
dando seu testemunho, claro e eloqüente, de um coração
agradecido que havia participado da misericórdia e graça,
justiça e paz, da natureza divina"
(Youth's Instructor, dez. 13, 1904).
Hoje o tijolo babilônico pode ser visitado no museu
arqueológico do UNASP - Campus Engenheiro Coelho
- SP, onde ficará exposto por tempo indeterminado.
Por muitos anos, alguns eruditos desacreditaram a Bíblia
pelo simples fato de o nome Nabucodonosor não constar
em nenhuma ruína conhecida. Isso os fazia orgulhosos de
sua incredulidade e, também hoje, há muitos que seguem
o mesmo caminho. Mas bastou um caco de tijolo para
mostrar que eles estavam errados. Não seria essa uma
curiosa maneira de Deus ironizar a sabedoria humana
quando esta nega a Bíblia Sagrada?
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Rodrigo P. Silva é professor de Arqueologia e
Filosofia no Unasp - Campus 2,
Engenheiro Coelho, SP.
Rodrigo P. Silva é professor de Arqueologia e
Filosofia no Unasp - Campus 2,
Engenheiro Coelho, SP.
Inscrição em Tijolo faz referência ao nome de
Nabucodonosor; Foi encontrada nas ruínas da
antiga Babilônia. Datada entre 604 e 561 a.C.
Nabucodonosor; Foi encontrada nas ruínas da
antiga Babilônia. Datada entre 604 e 561 a.C.
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